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Um tempo do outro
mundo
Cinquenta anos depois do 25 de Abril, este livro
vem falar -vos de um tempo incrível para quem
não o viveu, de proibições do outro mundo,
um tempo caricato e estranho que urge conhecer para
que não se repita de forma alguma. Não é um livro de
ficção– quem dera que fosse e esse Portugal não tivesse
existido.
O escritor Manuel da Fonseca contava que assistira,
pela mão de sua mãe, à chegada a Lisboa, no dia 28 de
Maio de 1926, dos militares que derrubaram a Primeira
República, e que a senhora, incomodada com o banzé
das tropas, desabafou: «Deviam fazer uma lei a proibir
revoluções!»
Os sucessores de Gomes da Costa ouviram -na
decerto porque, desse Maio em diante até um dia de
Abril, quarenta e oito anos depois, por decreto, por pos-
tura, por regulamento tudo foi proibido– incluindo,
claro, as revoluções e vários livros do filho: Seara de Vento,
Cerromaior, O Fogo e as Cinzas, por exemplo.
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