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 
Animal Farm – A Fairy Story

A Quinta dos Animais – O Triunfo dos Porcos

George Orwell
© Guerra e Paz, Editores, Lda., 
Reservados todos os direitos
 
Inês Figueiras e Maria José Batista

Cláudia Aurélio

Ana Cristina Câmara
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Ilídio J.B. Vasco

André Cardoso
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 : /
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Cláudia Aurélio
A Quinta
dos
Animais
George Orwell
o triunfo dos porcos
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George Orwell
Índice
Prefácio à edição ucraniana. . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
Capítulo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Capítulo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Capítulo 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Capítulo 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Capítulo 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Capítulo 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Capítulo 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Capítulo 8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .101
Capítulo 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Capítulo 10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135
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George Orwell
Prefácio à edição ucraniana1
Foi -me pedido que escrevesse o prefácio da tradução
ucraniana de A Quinta dos Animais. Estou ciente de
que nada sei sobre os leitores que agora me lêem,
assim como sei que, provavelmente, estes também nunca
ouviram falar de mim.
Estou certo de que vão esperar eu diga algo sobre
a origem de A Quinta dos Animais neste prefácio, mas,
antes de fazer isso, gostaria de falar um pouco acerca de
mim e das experiências que me levaram às minhas posi-
ções políticas actuais.
Nasci na Índia em 1903. O meu pai era funcioná-
rio público da Administração inglesa, e a minha família
era uma dessas típicas famílias de classe média de mili-
tares, clérigos, funcionários governamentais, professores,
George Orwell escreveu originalmente um prefácio, em Março de ,
o qual se encontrava «desaparecido» e, segundo as palavras de Marsha Karp,
«o que sobreviveu até aos nossos dias foi uma retroversão feita a partir do
ucraniano sem a edição feita por (Ihor) Szewczenko».
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A Quinta dos Animais – O Triunfo dos Porcos
advogados, médicos, etc. Fiz os meus estudos em Eton,
a escola mais cara e pretensiosa de todas as escolas pri-
vadas inglesas. No entanto, porque o meu pai não tinha
recursos suficientes, só fui admitido graças a uma bolsa
de estudo.
Quando terminei os meus estudos (ainda não tinha
vinte anos nessa altura), fui para a Birmânia e juntei -me
à Polícia Imperial Indiana. Tratava -se de uma polícia
armada, uma espécie de gendarmerie muito semelhante
à Guardia Civil espanhola ou à Garde Mobile francesa.
Fiquei cinco anos no serviço. Não era um trabalho que
me servisse e levou -me a odiar o imperialismo, apesar de,
na altura, os sentimentos nacionalistas na Birmânia não
serem muito marcantes e as relações entre os ingleses e
os birmaneses não serem particularmente pouco amigá-
veis. Em 1927, quando estava de licença em Inglaterra,
despedi -me e decidi tornar -me escritor. No início, sem
ter grande sucesso. Vivi em Paris de 1928 a 1929 e escrevi
contos e novelas que ninguém publicou (desde então,
destruí -os). Nos anos que se seguiram, vivi quase sem-
pre na precariedade e passei fome em várias ocasiões.
Só depois de 1934 é que fui capaz de viver do que escre-
via. Entretanto, por vezes durante meses a fio, vivi entre
pobres e delinquentes que habitavam as piores partes dos
bairros mais pobres ou viviam na rua, pedindo esmola
e roubando. Na altura, associava -me a eles por não ter
dinheiro, mas, mais tarde, interessei -me muito pela forma
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George Orwell
como viviam. Passei muitos meses (de forma mais siste-
mática desta vez) a estudar as condições dos mineiros no
Norte de Inglaterra. Até 1930, não me via como socia-
lista. De facto, até então, eu não tinha uma visão política
definida. Mais do que por qualquer admiração teórica
auma sociedade planeada, tornei -me pró -socialista pela
aversão que senti com a opressão e a negligência de que
a secção mais pobre de trabalhadores industriais era alvo.
Em 1936, casei-me. Quase na mesma semana,
rebentou em Espanha a guerra civil. A minha mulher e
eu queríamos ir para Espanha lutar do lado do Governo.
Ficámos prontos em seis meses, assim que terminei o
livro que estava a escrever. Em Espanha, passei quase
seis meses na frente aragonesa até que, em Huesca, um
atirador fascista me alvejou com um tiro que me atra-
vessou a garganta.
Na fase inicial da guerra, os estrangeiros não esta-
vam, de forma global, conscientes das lutas internas entre
as várias facções que apoiavam o Governo. Na sequên-
cia de uma série de incidentes,o me juntei às Brigadas
Internacionais, como a maioria dos estrangeiros, mas sim
à milícia POUM, ou seja, aos trotskistas espanhóis.
Em meados de 1937, quando os comunistas ganha-
ram controlo (ou controlo parcial) do Governo e começa-
ram a perseguir os trotskistas, percebemos que estávamos
entre as vítimas. Tivemos muita sorte em sair de Espanha
com vida e sem sermos presos uma única vez. Muitos dos
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A Quinta dos Animais – O Triunfo dos Porcos

nossos amigos foram alvejados e outros passaram muito
tempo na prisão ou simplesmente desapareceram.
Esta caça ao homem em Espanha decorreu ao
mesmo tempo que as grandes purgas na URSS e, de
certa forma, completou-as. Em Espanha, assim como na
Rússia, a natureza destas acusações (nomeadamente, de
conspirações com fascistas) era a mesma e, no caso espa-
nhol, eu tinha todas as razões para acreditar que as acu-
sações eram falsas. Passar por tudo isto foi um exemplo
prático e valioso: ensinou -me o quão facilmente a pro-
paganda totalitária pode controlar a opinião de pessoas
esclarecidas em países democráticos.
A minha mulher e eu vimos pessoas inocentes serem
atiradas para a prisão por serem apenas suspeitas de não
seguirem a ortodoxia. Ainda assim, no nosso regresso a
Inglaterra, deparámo -nos com um grande número de
observadores sensatos e bem informados que acredita-
vam nos mais fantasiosos relatos de conspiração, traição
e sabotagem dos processos de Moscovo, reportados pela
imprensa.
Assim, e mais claramente do que nunca, percebi a
influência negativa que o mito soviético tinha sobre o
movimento socialista ocidental.
E aqui tenho de parar para descrever a minha pos-
tura perante o regime soviético.
Nunca visitei a Rússia, e o meu conhecimento con-
siste apenas no que li em livros e jornais. Mesmo se
pudesse, não desejaria interferir nos assuntos soviéticos
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George Orwell 
internos, nem condenaria Estaline e os seus associados
apenas pelos seus métodos bárbaros e antidemocráticos.
É bem possível que, mesmo com as melhores intenções,
eles não pudessem actuar de outra forma sob as condi-
ções que lá prevalecem.
Mas, por outro lado, era muito importante para mim
que as pessoas da Europa Ocidental vissem o regime
soviético pelo que ele realmente era. Desde 1930, tinha
visto poucas evidências de que a URSS evoluísse para
qualquer coisa a que se pudesse verdadeiramente chamar
socialismo. Pelo contrário, fiquei chocado pelos óbvios
sinais da sua transformação numa sociedade hierárquica,
sociedade essa em que os seus líderes têm tantas razões
para abdicar do seu poder como qualquer outra classe
dominante. Além disso, os trabalhadores e intelectuais
num país como a Inglaterra não conseguem compreender
que a URSS de hoje é, de modo geral, um país diferente
do que era em 1917. Isto acontece, em parte, porque eles
não querem compreender (querem acreditar que, algures,
existe um país verdadeiramente socialista) e, em parte
também porque, como estão habituados a terem uma
vida pública comparativamente moderada e livre, o tota-
litarismo é para eles completamente incompreensível.
Contudo, tem de ser relembrado que a Inglaterra não
é completamente democrática. É também um país capi-
talista com grandes privilégios de classe e (até mesmo
agora, depois de uma guerra que tendeu para um certo
igualitarismo) há grandes diferenças em termos de
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A Quinta dos Animais – O Triunfo dos Porcos

riqueza. Não obstante, trata-se um país em que as pes-
soas vivem juntas sem grandes conflitos há várias cente-
nas de anos, as leis são relativamente justas, nas notícias
oficiais e nas estatísticas pode-se quase sempre acredi-
tar e, por último, onde ter opiniões minoritárias e ver-
balizá-las não envolve nenhum perigo de morte. Nesta
atmosfera, o cidadão comum não tem um entendimento
real de coisas como campos de concentração, deportações
em massa, detenções sem julgamento, censura dos meios
de comunicação, etc. Tudo o que ele lê acerca de um país
como a URSS é automaticamente traduzido para uma
perspectiva inglesa, e ele, de forma inocente, aceita as
mentiras da propaganda totalitária. Até 1939, e mesmo
depois, a maioria dos ingleses era incapaz de compreen-
der a verdadeira natureza do regime nazi na Alemanha, e
agora, com o regime soviético, eles estão ainda, em grande
medida, sob a mesma ilusão.
Isto tem prejudicado o movimento socialista na
Inglaterra, e teve graves consequências para a política
externa inglesa. De facto, na minha opinião, nada con-
tribuiu tanto para a corrupção da ideia original do socia-
lismo como a crença de que a Rússia é um país socialista
e de que todas as condutas dos seus líderes devem ser
desculpadas, se não mesmo copiadas.
E, por isso, nos últimos dez anos, tenho estado con-
vencido de que é essencial destruir o mito soviético, se
queremos reavivar o movimento socialista.
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George Orwell 
Quando voltei de Espanha, pensei em expor o mito
soviético com uma história que pudesse ser facilmente
compreendida por quase todos e que pudesse ser tradu-
zida para outras línguas sem dificuldade. No entanto, os
pormenores desta história não me ocorreram durante
algum tempo, até ao dia em que eu estava a viver numa
pequena vila e vi um rapazito, com cerca de dez anos de
idade, a conduzir um cavalo enorme por um caminho
estreito, chicoteando-o sempre que este tentava virar-se.
Constatei que se os animais tivessem consciência da sua
força, nós não teríamos qualquer poder sobre eles, e notei
também que os homens exploram os animais de uma
forma muito semelhante à forma como os ricos explo-
ram o proletariado.
Procedi à análise da teoria de Marx do ponto de
vista dos animais. Para estes era claro que o conceito de
uma luta de classes entre humanos era pura ilusão, uma
vez que, sempre que foi necessário explorar os animais,
todos os humanos se uniram contra eles. A verdadeira
luta é entre humanos e animais. Deste ponto de par-
tida,o foi difícil elaborar a história. Não a escrevi até
1943, porque estava sempre ocupado com outros traba-
lhos e não tinha tempo. No final, incluí alguns eventos,
como a Conferência de Teerão, que decorria enquanto
estava a escrever. Desta forma, tive em mente os contor-
nos principais da história durante seis anos, antes de os
escrever realmente.
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A Quinta dos Animais – O Triunfo dos Porcos

Não pretendo fazer nenhum comentário acerca
do trabalho, pois este falha se não fala por si mesmo.
Mas gostaria de realçar duas questões: primeiro, apesar
deos vários episódios serem extraídos da história real da
Revolução Russa, estes são tratados esquematicamente
e a sua ordem cronológica é alterada. Isto foi necessá-
rio para a simetria da história. A segunda questão esca-
pou aos críticos porque, possivelmente, não a enfatizei o
suficiente. Alguns leitores podem acabar o livro com a
impressão de que existe uma reconciliação entre os por-
cos e os humanos. Não foi essa a minha intenção. Pelo
contrário, quis que terminasse numa barulhenta nota de
discórdia e, por isso, escrevi-a logo a seguir à Conferência
de Teerão. Uma conferência que toda a gente achou que
tinha terminado com as melhores relações possíveis entre
a URSS e o Ocidente. Pessoalmente, eu não acreditei que
estas boas relações durassem muito tempo e, tal como os
eventos o demonstraram, não estava errado.
Não sei o que acrescentar mais. Se alguém estiver
interessado em detalhes pessoais, posso acrescentar que
sou viúvo com um filho de quase três anos, sou escritor
de profissão e que, desde o início da guerra, tenho traba-
lhado maioritariamente como jornalista.
O periódico para o qual contribuo com mais regula-
ridade é o Tribune, um semanário sociopolítico que repre-
senta, de forma geral, a ala mais à esquerda do Partido
Trabalhista. De todos os meus livros, os seguintes pode-
rão ser os mais interessantes para o leitor comum (caso
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George Orwell 
o leitor desta tradução encontre uma cópia): Os Dias da
Birmânia (uma história sobre a Birmânia), Homenagem à
Catalunha (que surgiu das minhas experiências na Guerra
Civil Espanhola) e Ensaios (ensaios maioritariamente
sobre literatura popular e contemporânea inglesa, mais
instrutivos do ponto de vista sociológico que literário).
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George Orwell 
Capítulo 1
Ao cair da noite, o proprietário da Quinta da Mansão
estava já tão bêbedo que, ao fechar as capoeiras, se
esqueceu dos postigos abertos. Antes de subir para
o quarto onde a senhora Jones já ressonava, o senhor
Jones cambaleou pelo pátio com o foco de luz da lan-
terna a dançar aos ziguezagues, desenvencilhou-se das
botas na porta das traseiras e passou pela copa onde se
serviu com um último copo de cerveja da pipa.
Mal a luz do quarto se apagou, toda a quinta se
encheu de passos agitados e muito rumorejo. Naquele
dia, espalhara-se um boato acerca do velho Major, o
premiado javali de raça Middle White. Comentara-se
que este desejava partilhar com os restantes animais um
sonho estranho que tivera na véspera e, por isso, assim
que o senhor Jones se retirasse para a noite, ficou combi-
nado que acorreriam todos ao celeiro grande. Ninguém
se importou de perder uma hora de sono para o ouvir,
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