Maria! Não Me Mates, Que sou tua Mãe!
A CABEÇA DE CAMILO
Aqui está o ovo da serpente. Publicado em
folheto de cordel, neste texto de horror e
comoção está contido o Camilo – o roman-
cista, os seus temas e o seu estilo – que há -de
tatuar a literatura portuguesa. Não Me Mates! é Camilo
abovo. Será? Há quem discorde.
Camilo, bizarro órfão de mãe incógnita, filho de
pai aristocrata que o trocou pelas pastagens celestes aos
10 anos, cedo deixou que a sua solidão e orfandade fos-
sem cativadas pela terrível e tonitruante dependência da
escrita. Aos 19 anos, ou seja, em 1844, já Camilo estava agar-
rado pela boémia intelectual. Com as iniciais C.C.B., mas
também com pseudónimos tão pasmosos como Anastá-
cio das Lombrigas, José Mendes Enxúndia ou Barão de
Gregório (e que injustiça me ter esquecido de Anacleto
dos Coentros), Camilo escreveu, a partir daquela data e
nos anos seguintes, prosas veementes e combativas em
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