Meno… quê? · Luísa Santos14
Creio que a ideia de mulher como ser reprodutor, que se pro-
longou durante séculos, é a grande culpada disto tudo. A mulher está,
desde o princípio dos tempos, conotada com a sua função materna,
pelo que, quando essa função cessa, é como se ficasse esvaziada de
sentido. Obviamente que falamos de algo muito enraizado na socie-
dade, e não algo que a maior parte das pessoas de hoje pense, pelo
menos abertamente e não de forma quase subliminar. Mesmo as
mulheres que não têm filhos, que nunca os quiseram, e que, portanto,
recusaram essa função materna, sentem a pressão. Esta amiga de que
falava no parágrafo acima, nunca teve filhos, sempre viveu uma vida
de viagens e aventuras, totalmente realizada sem deixar descendên-
cia, e muito feliz e em paz com a sua decisão. No entanto, mesmo
sem ter essa consciência, pelo menos de forma racional, o fim do seu
ciclo reprodutor rotula-a, embaraça-a, diminui-a.
É preciso dar a volta a isto. A mulher há muito que assumiu
outras tarefas, há muito que deixou de ser exclusivamente mãe,
chegando cada vez mais longe, profissionalmente, socialmente,
emocionalmente. Ideias associadas à mulher como «sexo fraco»,
«mulher-objecto», «dona-de-casa», estão ultrapassadas, são bafien-
tas, são rejeitadas por uma sociedade que, ainda assim, continua a lutar
pela igualdade de género, mas está cada vez mais atenta a situações
de discriminação e de preconceito de qualquer tipo.
Um dos pontos-chave é, justamente, trazer o assunto do enve-
lhecimento (com qualidade) à baila. Não deixar de falar, não alimen-
tar o monstro do tabu. Tudo aquilo de que não se fala, mete medo.
Porque é desconhecido, e porque, se não se fala, é porque só pode ser
medonho. A menopausa tem de deixar de ser vista como o fim de um
tempo que foi áureo e passará, agora, a ser ferrugento e deprimente.
Como algo que destrói a qualidade de vida de uma mulher, mas que
é mesmo assim. É aguentar, sorrir, e acenar. Não!
Luísa Santos, neste seu guia prático da menopausa, mostra-
-nos como esta fase da vida pode ser encarada de uma forma dife-
rente. Como se podem fintar os sintomas, como se podem entender
as causas, como se podem combater as consequências. Luísa fá-lo
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