Jorge de Sena
De Outubro de 1972, o terceiro ensaio, de que manti-
vemos o título original, «Aspectos do Pensamento através
da Estrutura Linguística d’ Os Lusíadas», foi igualmente
integrado no já referido 4.º Centenário, sendo o corpo da
comunicação de Sena à Primeira Reunião Internacional
de Camonistas, que teve lugar em Lisboa. Neste ensaio,
Sena desce «da arquitectura externa de Os Lusíadas à tes-
situra do seu vocabulário» provando que «entrar por um
grande poeta dentro é uma aventura perigosa». Fazendo uma
síntese da sua monumental tese sobre o vocabulário de
OsLusíadas, esse «vôo lírico-messiânico da epopeia impossí-
vel», Sena analisa a estrutura linguística do épico camo-
niano e as suas séries semânticas, reconstituindo «uma
imagem do complexo pensamento de Camões» bem como a
sua organização estilística.
No quarto e último texto, de que se manteve igual-
mente o título, «Camões, o Poeta Lírico», Sena mostra
como do vastíssimo oceano que são os cerca de catorze
mil versos da lírica camoniana (contagem seniana)
emerge uma girândola de obras-primas, manifestação de
«um poeta filosófico, profundamente preocupado com encon-
trar um sentido para um mundo que parecia, no ocaso da
Renascença, mais e mais sem sentido – um sentido que ele
atinge estruturalmente impondo a ordem e o equilíbrio dos
seus poemas à desordem deste mundo». Este ensaio, escreveu-
-o Jorge de Sena, em Santa Bárbara, em Outubro de 1975
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