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Savimbi: Um Homem no SeU martírio
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
Savimbi: Um Homem no Seu Martírio

Xavier de Figueiredo
© Autor e Guerra e Paz, Editores, Lda., 2024
Reservados todos os direitos

Basília Viana
    
Ilídio J.B. Vasco
  
Guilherme Venâncio/Lusa
  
Ricardo Rodrigues
Fotografias
Arquivo pessoal do autor e de outros, particulares.
: 978-989-576-045-9
 : 527313/24
1.ª : Fevereiro de 2024
GUERRA E PAZ, EDITORES, LDA.
R. Conde de Redondo, 8–5.º Esq.
1150 -105 Lisboa
Tel.: 213 144 488
www.guerraepaz.pt
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 - · 
Prefácio
João Soares
Posfácio
Liberty Chiaka
SAVIMBI
UM HOMEM NO
SEU MARTÍRIO
XAVIER DE FIGUEIREDO
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A Jonas Savimbi, homenageando na sua pessoa
milhares e milhares de angolanos anónimos que
seguindo ‑lhe o exemplo, acreditaram numa causa que
tinham por boa e justa, se bateram por ela e por ela
aceitaram o sacrifício supremo.
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
Ajudaram -me a clarificar ou a profundar matérias
constantes deste livro, atendendo, sempre prestáveis,
às minhas solicitações. Artur Vinama, Ernesto Mulato,
Horácio Junjuvili, Isaías Samakuva, José Corte Real
Sequeira, José Gama, Peregrino Wambu Chindondo
e Urbano Chassanha são, por isso, merecedores do
reconhecimento que aqui lhes manifesto.
Miguel Nzau Puna e Kalias Pedro já não estão no
mundo dos vivos, mas é para eles que o meu pensa-
mento se eleva quando releio passagens deste livro
que me ajudaram a enriquecer. Ainda que póstu-
mos, os meus agradecimentos são -lhes devidos.
Também não posso deixar sem uma palavra de
gratidão diferentes apoios com que contei para a
produção da obra, vindos de velhos e bons amigos,
a cujas portas para o efeito fui batendo.
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
 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
 1
Na linha do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
 2
Do estudante ao político . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44
 3
Angolano e umbundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66
 4
Num mundo em mudança . . . . . . . . . . . . . . . . . .86
 5
Entre duas ofensivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
 6
Das eleições de 1992 à paz de Lusaca . . . . . . . . . . . . 125
 7
Duplamente marcado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
 8
Entre demónios da guerra e ilusórios anjos da paz . . . . . 158
 9
O caminho das pedras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
 10
Pressão para a «solução final» . . . . . . . . . . . . . . . . 207
 11
O fim da jornada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
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Savimbi: Um Homem no SeU martírio · Xavier de Figueiredo

 12
Pecados de Portugal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .248
 13
No benigno olhar de outros . . . . . . . . . . . . . . . . 270
 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295
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prefácio 

Agradeço, como leitor interessado por Angola, esta obra notá-
vel de Xavier de Figueiredo e o seu honroso convite para escrever
umas linhas à guisa de prefácio. Elas aqui ficam:
Esta é uma obra, em termos históricos, muito importante.
É justiça para a memória grande de Jonas Malheiro Savimbi. Um sin-
gular e ímpar dirigente angolano. Um grande líder africano.
Faço uma declaração de interesses, partilho a visão do autor
sobre Savimbi, homem e obra. Mas não é caso para por isso consi-
derar a minha avaliação parcial, porque não o é. A biografia é rica
e extremamente interessante. Até na estrutura formal não cronoló-
gica que assume, que na minha opinião, ainda torna a leitura mais
saborosa.
Xavier de Figueiredo sublinha o distinto percurso pessoal de
Jonas Savimbi. Como cidadão angolano que começa por ser, mas
também português por força da então dependência colonial de
Angola em relação a Portugal. E refere, por várias vezes, e,
em momentos cruciais da história dos dois países, a ligação nada
ressabiada, pelo contrário até com algum registo afectivo, que
Savimbi sempre teve com Portugal.
Sou testemunha dessa tão curiosa relação que contrasta com
a da generalidade dos outros dirigentes africanos das nossas anti-
gas colónias, profundamente complexados nessa matéria. Savimbi
era, e a obra rigorosa de Xavier de Figueiredo enfatiza -o, um homem
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Savimbi: Um Homem no SeU martírio · Xavier de Figueiredo

que estava bem na sua pele e consigo mesmo. Não tinha comple-
xos. E tinha, visivelmente, imensa confiança em si próprio e nas
suas capacidades. A sua vida provou que tinha razões claras para
essa autoconfiança descomplexada do «preto mais preto de Angola»
que se dizia.
O percurso pessoal traçado dá conta das qualidades intelec-
tuais que desde jovem revelou e como elas se foram tornando tam-
bém uma marca na sua acção política. Percorrendo os anos da vida
de Savimbi, desde os tempos em que Angola era colónia, e cujo
caminho enquanto colónia estava longe de terminar, até ao exílio
e, depois, à sua reentrada em território angolano como dirigente
político e combatente. As suas qualidades pessoais impuseram -se
e impuseram a sua ascensão até à liderança do partido UNITA.
Liderança por claro mérito próprio. Fundou a UNITA no interior
de Angola. O nome do Partido não é um pequeno pormenor des-
piciendo como esta obra tão bem demonstra, «Independência
Total» é de uma grande inteligência e visão premonitória. Saliento
a importância simbólica e real que tem a fundação da UNITA no
interior de Angola. O único partido independentista fundado no
interior do território.
A inteligência e a cultura de Savimbi eram muito superiores
à dos outros líderes angolanos de primeira linha. Posso provar este
facto, tendo conhecido Savimbi, Dos Santos, e vários outros qua-
dros e dirigentes políticos angolanos. Jonas não só se destacava cla-
ramente no quadro angolano, mas também no mais alargado das
lideranças africanas– aspecto importante e muito relevante para
explicar o que aconteceu com Savimbi em Angola e não só.
Ele, Jonas Malheiro Savimbi, foi o alvo constante da mais per-
sistente, profundamente caluniosa e despudorada campanha de
denegrimento pessoal de que tenho conhecimento. Uma campa-
nha sem escrúpulos, que dispunha do suporte financeiro mais vasto
que se conhece em operações desse tipo em todo o mundo. Uma
acção que começa bem antes da descolonização e que avança ainda
mais forte e despudorada depois da saída dos portugueses de Angola.
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prefácio 
O dirigente foi acusado de tudo e mais alguma coisa, como Xavier
de Figueiredo sublinha muito bem. Em Angola, em Portugal e no
mundo, com especial destaque para os EUA, onde algumas das
melhores agências de lobbying foram contratadas a peso de ouro
para o atacar e tentar diminuir. Tenho a convicção de que muitas
vezes as campanhas não tiveram a reacção que precisavam justa-
mente porque a autoconfiança de Savimbi tendia para desvalorizar
o que eram meras calunias sordidamente urdidas. Contudo, muitas
vezes fizeram mossa de forma significativa. Embora, também seja
curioso e singular de constatar, hoje se desfizeram para dar lugar a
admiração e confiança nos muitos exemplos pessoais e políticos que
deu ao longo da sua vida. Um outro traço importante do carácter,
da coragem e da audácia de que Savimbi sempre deu prova tem que
ver com o princípio, a que sempre foi fiel, de contar fundamental-
mente com as suas próprias forças.
Viveu sempre no interior do país e sobretudo na mata. Essa
opção clara não o impediu de ser o melhor informado e o mais
culto e lido dos dirigentes angolanos. Tinha uma actualizada biblio-
teca, sobretudo temas históricos e estratégicos, mas não só. Tive
oportunidade de a observar no seu gabinete pessoal numa cubata,
na Jamba do Cuando -Cubango. Seguia a informação de forma
regular e diária com uma disciplina pessoal notável, mesmo nas
condições mais difíceis. Ouvia diariamente a Emissora Nacional
Portuguesa, a Rádio França e a BBC.
Jonas Malheiro Savimbi tinha plena consciência de qual era
o principal objectivo do poder autocrático e cleptocrático do
MPLA e dos seus líderes, Neto e Dos Santos. Matá -lo a ele, Savimbi.
Xavier de Figueiredo realça de forma insistente que a eliminação
de Savimbi foi sempre o grande objectivo estratégico do poder
angolano. Pensavam eles e com eles muitos observadores interna-
cionais, que liquidado Jonas Savimbi, a UNITA se desfaria em
pequenos bandos armados sem qualquer peso na sociedade ango-
lana. Enganaram -se redondamente, como este livro demonstra com
serena firmeza. E isso aconteceu, e é um facto indesmentível,
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Savimbi: Um Homem no SeU martírio · Xavier de Figueiredo

porque, entre outros feitos e obras, Savimbi formou a maioria dos
quadros da UNITA– alguns que foram e ainda são dos melhores
quadros angolanos nas mais variadas áreas. Esse facto desfaz tam-
bém outra mentira muito difundida, a de que Savimbi e a UNITA
não dispunham de quadros para governar Angola.
Viveu sempre no interior do país junto do seu povo, fazendo
uma vida frugal e austera, sem mordomias. Ele não se esforçou para
obter riqueza para si ou para os seus. Bateu -se sempre por aquilo
em que acreditava. Este trabalho biográfico torna claro também
que o principal problema de Jonas Malheiro Savimbi era não caber
nas baias estreitas da sociedade autocrática e cleptocrática da
Angola do MPLA.
Por isso nunca houve outro lugar para ele que não fosse o de
bater -se de armas na mão pela sua vida e por aquilo em que acredi-
tava para Angola. Não aceitou nunca os vários exílios dourados e
tesouros materiais oferecidos de vários lados. Foi sempre, como a obra
de Xavier de Figueiredo ilustra, fiel até ao fim às suas convicções.
A consciência desde muito cedo de que jogou sempre a sua
vida e a sua sobrevivência pessoal enquanto liderou a UNITA, tal-
vez explique alguns casos em que até contra o seu interesse como
líder foi mais severo do que deveria na condenação de dissidências
e dessintonias. Pediu desculpa, já quase no final da sua vida, por
esses erros graves que assumiu, em termos de responsabilidade pes-
soal como líder. O que engloba as mortes lamentáveis de Tito
Chingunji, Wilson dos Santos e familiares chegados. Do general
Altino Sapalalo «Bock» e a tristemente lamentável «Queima das
Bruxas na Jamba». Este reconhecimento não releva a natureza dos
erros e até crimes cometidos que ensombram um percurso de com-
bate e coragem na defesa dos valores da liberdade e da independên-
cia nacional de Angola.
Pessoalmente, não tenho dúvida que Jonas Savimbi foi o mais
destacado e qualificado dirigente angolano do século XX e mesmo
de toda a história de Angola. E um destaque que deixa muito para
trás qualquer dos outros protagonistas angolanos que conhecemos.
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prefácio 
Por outro lado, e como Nelson Mandela reconheceu– um dos
maiores, mais bravos, e inteligentes dirigentes africanos do seu
tempo.
Obrigado a Xavier de Figueiredo por esta obra tão interessante
e importante.
J B S
Lisboa, Janeiro de 2024
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SAVIMBI
UM HOMEM NO SEU MARTÍRIO
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nota do aUtor 
  
Este livro não é estranho a um dever de consciência a que, sem
disso nunca fazer segredo, faz muitos anos me sentia obrigado.
O fim da escrita de cada um dos meus anteriores livros foi sempre
motivo de especial satisfação pessoal, até como sentimento próprio
de um projecto acabado de levar por diante. O júbilo com que dei
este por concluído juntou outra razão: uma noção de dever
cumprido.
O jornalista de bem com a sua consciência que me considero
ser, vem da certeza de que foi com espírito de reta independência
que sempre me esforcei por exercer a profissão. Pegar nos assuntos,
entrar -lhes nos meandros e reduzi -los a escrito vendo neles apenas
aquilo que intrinsecamente são, sem condicionantes de qualquer
espécie, políticas, ideológicas ou outras– é a isso que resumo o con-
ceito de independência profissional que tomei por guia.
Este livro estende ao campo literário esse espírito de indepen-
dência. A iniciativa de o escrever cingiu -se à minha livre e plena
vontade. Fui também eu, não apenas como seu autor, mas por ter
entendido que assim deveria ser, que coube definir a estrutura da
obra. Também fiz questão de não pedir para a sua publicação patro-
cínios que para outros pedi e aceitei.
Savimbi foi um homem impiedosamente fustigado pela pro-
paganda do MPLA, que viu nisso meio caminho andado para o reti-
rar de cena ou o fazer desaparecer. O dever de consciência que
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Savimbi: Um Homem no SeU martírio · Xavier de Figueiredo

associo a este livro vem da certeza de que Savimbi não foi o vilão
por que a propaganda e a desinformação do regime o fizeram pas-
sar. A minha qualidade de escriba impunha -meque passasse isso a
escrito.
Nunca há respostas cabais para interrogações como a de que
o que teria sido Angola se fosse a Savimbi e à sua UNITA que os
destinos do país tornado independente tivessem sido confiados.
No quadro de uma descolonização normal era, de resto, o que com
toda a probabilidade teria acontecido. Não me apoiando em mais
nada que não na minha intuição, ouso dizer que Angola teria sido
diferente– para melhor.
É por demais notório que segue o seu curso em Angola um
processo de reabilitação de Savimbi e da sua memória– que o
regime tenta contrariar com o recurso a um insólito reavivamento
da propaganda para o atingir. A história regista vários casos de figu-
ras cuja verdadeira grandeza moral acabou sempre, até por inércia,
por romper com memórias negativas a que as associaram em vida.
Há uns anos, numa entrevista, evoquei o caso do Marquês de
Pombal.
A minha condição de filho de Angola, acrescida da naturali-
dade com que via naquela terra a casa que para sempre haveria de
ser a minha (e era já a dos meus primeiros filhos), julguei eu que
me conferiam o direito cívico de me «posicionar» ante a realidade
política nova criada no território pela vinda à luz do dia de três
movimentos de libertação aos quais caberia disputar o processo de
descolonização cujos alvores se iam vivendo.
Foi pelo MPLA que optei– gesto do qual guardo, feito relí-
quia, o cartão de que então me tornei titular. Entre as razões que
me levaram a isso avultava uma: os homens justos, esforçados e de
boa vontade que me pareceram ou que me afiançaram ser os seus
dirigentes, constituíam garantia de promissor futuro para Angola.
Se a política é sempre o que são os homens que a fazem, eram aque-
les os «eleitos».
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nota do aUtor 
O meu juízo durou o que duram as coisas efémeras. A marcha
dos acontecimentos e a vantagem advinda da minha profissão de
os poder acompanhar por dentro e ver coisas que não estavam ao
alcance de todos– tudo isso me foi fazendo crer que, por razões
sem fim, estava enganado em relação ao MPLA. Foi na esteira desse
amargo sentimento que passei a dar mais atenção a Savimbi e à
UNITA. Abria -se assim uma porta que me foi permitindo conhe-
cer a realidade neles consubstanciada.
A maior parte da minha vida de jornalista, mais de cinquenta
anos ao todo, desenrolou -se como editor de publicações cujo
modelo fez delas inéditas em Portugal. Africa Confidencial, Africa
Fokus, Africa Monitor Intelligence– cada uma no seu tempo. O con-
ceito de newsletters de informação estratégica que as definia, vinha
da natureza, da profundidade e do rigor do seu fio informativo
Não se tratava de informação «quimicamente pura». Mas
desde a criteriosa selecção dos assuntos, até à qualidade das fontes
com base nas quais os mesmos eram cruzados e verificados, sem
ignorar o tratamento final que lhes era dado– tudo contava para
que aquilo que era publicado correspondesse à verdade ou consti-
tuísse uma aproximação da verdade. Este livro está amplamente
apoiado no acervo dessas publicações.
Uma palavra final para algo a que considero justo fazer refe-
rência. Nunca senti da parte de gente da UNITA qualquer tenta-
tiva de aliciamento profissional, sequer de influenciação do meu
trabalho assim como também nunca me vi ante objecções ou repa-
ros por notícias que terão tido por inconvenientes. A enormíssima
diferença entre tal linha de conduta e práticas do MPLA de cuidar
de cativar jornalistas e de os tratar mal quando a isso resistiam.
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na linHa do tempo 
 1
Na linha do tempo
A morte de Jonas Savimbi foi o ápice de uma das mais longas
e implacáveis campanhas movidas contra um líder político. Não
apenas para o desacreditar e aviltar politicamente e como homem,
mas também, fim último, para o eliminar fisicamente, se ele,
de motu proprio, ou compelido a isso, não saísse de cena– como
nunca aceitou sair, invocando princípios morais e patrióticos a que
dizia estar obrigado.1 Não houve meios (dinheiro, influências), nem
instrumentos (propaganda, desinformação, acções especiais de
segurança), a que os seus adversários, o MPLA e o regime da sua
criação, não tivessem recorrido para atingir fim tão supremo.
É ao tempo colonial que remontam aqueles que terão sido os
mais antigos planos conhecidos do MPLA para «fazer desaparecer
Savimbi». A vantagem de uma tal «façanha» reside na ideia de que,
sem ele, a UNITA se desagregará, assim livrando o MPLA de um
empecilho à sua implantação no Leste de Angola, onde já a encon-
tra, quando para aí se expande na segunda metade da década de
sessenta.2 Savimbi é «o único elemento unificador da UNIT,
1 «Eu nunca sairei de Angola, eu nunca irei para o exílio, eu nunca irei fugir», afirma em 1994
num discurso alusivo ao 28.º aniversário da UNITA. Respondia assim a uma nova campa-
nha do regime para o afastar, esta prévia ao início do processo de negociações que conduzi-
ria ao protocolo de Lusaca.
2 « havia também o perigo da sua desagregação (da UNITA) através da eliminação física de
Savimbi, que o MPLA procurava»– Tenente -Coronel António Pires Nunes, in Angola– 1966‑
‑1974, p. 82. Autor de vasta obra publicada de história militar, com enfoque na guerra colo-
nial. Três comissões em Angola.
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